sábado, 25 de agosto de 2007

Relato D10: Machu Picchu

Finalmente chegou o dia do destino final e ponto máximo da viagem. Acordamos às 05:00, tudo ainda bem escuro. Mas a empolgação vence o cansaço. Tomamos o café do hotel (S$6 cada, não incluso na diária), que foi bem gostoso. A guia já estava nos esperando e nos indicou o lugar que se pega o ônibus, perto da praça (por ser tão pequena, nada é muito longe em Aguas Calientes).

Achávamos que estaríamos abafando em chegar cedinho em Machu Picchu, mas algumas centenas de outros turistas tiveram a mesma grandiosa idéia, e a fila para os ônibus estava grande. A subida foi no escuro, não deu pra ver muita coisa. Lá em cima, a portaria fica bem ao lado de um luxuoso (e caríssimo) hotel e restaurante. Começava a amanhecer. A luz do sol era indireta, pois as montanhas ao redor atrasam o seu aparecimento, que acontece por volta das 08:00. Mesmo de manhã começamos a sentir calor, e vimos que tínhamos levado muita roupa.

Machu Picchu pode ser dividida em 2: uma área agrícola (à esquerda de quem entra) e a área urbana (à direita). Tem ainda atrações mais distantes, como a ponte inca, a entrada da cidade pela trilha inca e o Huayna Picchu. Ao entrar na cidade, a empolgação foi muito grande. Esquecemos da recomendação da guia de esperar em um local determinado e fomos andando pra onde o nariz apontava, pegando à esquerda e subindo as terrazas, na área agrícola. Lá em cima, uma surpresa: vários camelídeos (lhamas, alpacas) disponíveis para os turistas tirarem fotos. Ficamos um tempão por ali e eu tirei fotos sensacionais. Em determinado momento, um cachorro apareceu por ali e, muito brincalhão, ficava provocando as lhamas. Elas ficavam em um estado de nervosismo incrível, algumas atacavam o cão. Muito engraçado...

De onde estávamos conseguimos reencontrar nossa guia, que por sorte iria iniciar o passeio guiado por ali. Juntamo-nos ao grupo, afinal tínhamos pago por aquilo. Machu Picchu é realmente fantástico. Não vou entrar em maiores detalhes, pois vcs já devem ter visto e lido muito sobre. Depois de cerca de 3 horas e meia o passeio terminou e a guia recomendou, a quem quisesse, entrar na fila para subir o Huayna Picchu (HP).

Eu não fui bem precavido e levei pouca água, imaginando que ali haveria ambulantes como em todo o Peru. Grande engano. Uma dica que posso dar é levar muita, muita água, pois em Machu Picchu não vende.

Existe um limite de 400 pessoas por dia para subir o HP. Demos sorte, pois chegamos perto do 350º. Eles também controlam o número de pessoas lá dentro, então a certa altura só pode entrar uma pessoa se outra sair. Assim, ficamos na fila por mais de meia hora. Deu uma sensação de estar na fila de um brinquedo para um parque temático. A subida leva cerca de uma hora e é extremamente desgastante. Lá pela metade a vontade de desistir é enorme. Tem que ir com bastante força de vontade. Mas a vista lá de cima compensa o esforço. Tem-se uma visão linda da cidade, das montanhas, do rio. As ruínas que existem lá em cima também são bem legais, praticamente uma outra cidade. Depois de ~30 min. lá em cima resolvemos descer. A descida pareceu tão cansativa quanto a subida, por conta dos degrais altos, que beiram 1m de altura. Para os mais empolgados, existe uma rota opcional que leva até um templo numa caverna na parte de trás da montanha, mas isso demandaria outras 3 horas e pouco e uma energia que não possuíamos mais. A sede e a fome também atrapalhavam.

Ao descer, procuramos uma sombra e ficamos descansando. As dores musculares eram fortes e tínhamos a sensação de já ter visto o bastante. Resolvemos dar mais uma volta pela cidade e ir embora. Além do restaurante chique ao lado da portaria, existe uma lanchonete, onde eu pretendia comprar uma água ou uma coca-cola. Desisti ao ver o preço: uma coca 500ml custava S$10. Era só aguentar mais uns 15 minutos e estaríamos de volta a Aguas Calientes.

Na descida, uma curiosidade engraçada: um nativo, vestido a caráter, ia descendo correndo pela trilha, que cruza a estrada em vários pontos. Em cada cruzamento ele ficava acenando e berrando para o ônibus. A cena tosca se repetiu por várias vezes. Claro que, chegando lá embaixo, ele entra no ônibus e pede uma grana. Acho que deve render mais dinheiro que ser maratonista olímpico no Peru.

Em Aguas Calientes compramos uma água e entramos no primeiro restaurante razoável que encontramos, chamado Chayña. Ele servia um menu turístico, com várias opções. Achei bem gostoso. Deu S$33 os dois, com bebida. Em seguida fomos procurar um hotel melhor que o que estávamos. Decidimos pelo Joe, que era bem melhor, tinha baño privado e era o mesmo preço do Las Bromelias - S$30 o casal. Tomamos banho e dormimos por umas 2 horas.

Eu já tinha desistido de subir o Huayna Potosi em La Paz. As ameaças de novos bloqueios, o cansaço da viagem e alguns compromissos no Brasil tiravam a nossa vontade de usar esses dias pra viajar mais. Assim, eu liguei na Gol pra adiantar a volta em dois dias.

A noite em Aguas Calientes é muito gostosa. Os restaurantes são simples e charmosos, pra todos os gostos e preços. Depois de jantar fomos dormir. No dia seguinte teríamos que madrugar novamente.

Nenhum comentário: