sábado, 25 de agosto de 2007

Relato D8: Cuzco e arredores

Como só conseguimos passagens pra Aguas Calientes saindo em D9, tínhamos mais um dia pra aproveitar em Cuzco. Acordamos dispostos, depois de uma longa noite de sono. A cidade estava melhor, com as atrações funcionando normalmente e sem protestos na rua. Descobrimos que se usar a água quente do hotel por muito tempo ela acaba.

Começamos pelo Koricancha, que era um dos templos centrais da capital inca e que deu lugar a um monastério. O lugar é bonito, especialmente se vc conseguir imaginar como era antes. O muro que cercava o templo era coberto de ouro e havia estátuas feitas de ouro e prata maciços, que hoje não existem mais. Talvez estejam em algum museu da Europa ou foram derretidas.

Percebemos que seria inevitável comprar o chamado Boleto Turistico, um carnê que vc compra e dá acesso a várias atrações, entre elas os sítios arqueológicos nos arredores da cidade e alguns museus. Compramos os nossos na prefeitura (S$35 estudante). Fomos almoçar. Depois da tragédia do dia anterior queríamos algum lugar bem seguro e limpo pra comer, e fomos de novo ao Bembos, onde comemos dois hot-dogs grandes com papas fritas e coca (~S$20 tudo). Fomos à casa de Garsilaso Inca de La Vega, um escritor peruano muito famoso. A casa é um museu que mostra um pouco da história de Cuzco. Em seguida começamos nosso foco principal do dia, que eram os sítios arqueológicos próximos de Cuzco, dos quais destacam-se: Sacsaywanán, Qenco, Manco Kapac e Puca Pucará.

Dá pra ver as ruínas de Sacsaywanán do centro, perto do Cristo que há no alto do morro. O caminho a pé é uma subida bem ingrata, então fomos de taxi (S$5). Fiquei muito impressionado com as ruínas, tanto na grandiosidade como nos detalhes. Tem pedras do tamanho de caminhões. Deve ter sido bem difícil pros incas empilhá-las daquele jeito. Ficamos mais de uma hora andando por ali. Há uns guias que chegam pra oferecer os serviços, mas desta vez não quisemos.

Fomos a pé para o Qenco, que vale a pena a visita, mas que não é muita coisa comparado com Sacsaywanán. De lá, pegamos um taxi (S$8) pra Manco Kapac. A diferença dessas ruínas é que corre água pelo meio delas. Aparentemente servia para cultuar a água, que era sagrada. Na entrada quase compramos um bonito poncho por S$60 (me arrependi de não ter comprado). Comemos um milho cozido. O milho deles é bem diferente, com uma espiga de aspecto atarracado e grãos enormes. O sabor é muito bom, um pouco mais "carnoso" que o nosso. Seguindo, fomos a Puca Pucará, que fica quase em frente.

Gostei muito de Puca Pucará, um templo arredondado que dá vista para um sensacional vale. O sol estava baixo, dando uma luminosidade bonita ao vale. Devido ao horário, não havia quase nenhum turista naquele lugar mágico. Não tive dúvidas: olhei bem nos olhos da minha então namorada, falei umas palavras bonitas; algumas lágrimas rolavam. A Katria ficou sem entender muito bem, até que me ajoelhei e saquei o par de anéis que passei o dia todo carregando no bolso, aguardando o melhor momento. Naquela hora ficamos noivos. Sem data certa pra casar, é verdade, mas eu tinha certeza que o nosso relacionamento tinha alcançado uma solidez que justificava esse novo passo.

Tiramos algumas fotos e retornamos a Cuzco. Não havia muitos taxis, então pegamos um bus municipal a S$1. Estava lotado e tinha aquele cheiro horrível que pra nós já não era mais estranho. O bus parou a uns 2 km do hotel e nós, achando que estávamos mais perto, acabamos indo a pé. Depois de um bom banho, ela foi fazer algo que estava querendo há dias: foi ao salão embelezar-se. Eu fui à joelheria arrumar o anel - que tinha ficado um pouco largo -, entrei na internet, liguei pra casa, etc.

Em seguida, a segunda parte da surpresa: pra celebrar o noivado fomos a um restaurante podre de chique - o mesmo que tínhamos visto no dia anterior, em frente ao Convento de La Merced. Eu nunca tinha ido em um restaurante tão bom. Ela comeu um nhoque com champignon e eu pedi um prato com carne de alpaca, legumes e risoto. A carne estava muito, mas muito gostosa. Parecia um filé, só que mais macio e o sabor tendendo um pouco para carne de carneiro. Tomei um vinho Ocucaje Fond de Cave Cabernet Sauvignon, um peruano também sensacional, que eu achei superior a alguns bons chilenos como Casillero del Diablo.

Então, voltamos pro hotel e fomos dormir, felizes da vida.

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