Relato D5: La Paz - Copacabana

O plano era acordar o quanto antes, ir até o cemitério pegar um bus pra Copacabana, almoçar e no mesmo dia seguir até a Ilha do Sol, onde pretendíamos dormir. Não deu muito certo e acabamos terminando do dia em Copacabana mesmo.

Arrumando as malas no hotel em La Paz, vimos na rua uns ônibus com uma camada enorme de neve em cima. Eles tinham "Copacabana" escrito no letreiro. Fomos lá rapidinho ver se dava pra irmos com eles. Qual não foi nossa surpresa ao vermos que os três ônibus eram de um grupo de 70 brasilienses que iam pra Machu Picchu também. Os guias nos colocaram lá dentro, pagando U$15 os dois.

Os ônibus (e mais alguns muitos carros que víamos passar) estavam cobertos de neve. Havia nevado durante toda a noite anterior em El Alto - algo que, segundo uma guia boliviana, não ocorria há 13 anos!! Logo na subida pra El Alto vimos os flocos caindo. O ônibus parou para os brasileiros brincarem na neve, sob o risco de eles se jogarem pela janela. Até chegarmos perto do Titicaca, fomos apreciando vistas branquinhas, com os campos e vilarejos cobertos de neve fresca - a qual é muito mais macia e gostosa do que a do dia anterior, na alta montanha.

A viagem entre La Paz e Copacabana foi sem dúvida a mais bonita da minha vida - e a volta confirmou isso. Cortando as montanhas, podem-se apreciar vales férteis rodeados por terrazas centenárias, o lago Titicaca ao fundo e, completando, picos nevados costurando o horizonte. Era um cartão-postal a cada curva.

Antes de chegar a Copacabana, deve-se atravessar um pedaço do lago chamado estreito de Tiquina, que possui uns 500 metros. O ônibus vai em uma balsa pouco confiável e os passageiros vão em pequenos barcos, menos confiáveis ainda. A água é agitada, mas foi tudo bem. É uma boa hora pra comprar um lanche e tirar aquela água do joelho. Na Bolívia, banheiro público limpo é artigo de altíssimo luxo, difícil de encontrar até mesmo em bons restaurantes.

Como os ônibus saíram atrasados e ainda fizeram uma parada não sei pra quê, chegamos somente às 14:00 em Copacabana. Os últimos barcos pra Ilha do Sol saíam às 13:30 e estávamos com fome, então tivemos que ficar na cidade e ir na manhã seguinte pra Ilha do Sol. Almoçamos no restaurante do Hotel Colonial - trucha com arroz e legumes muito boa (B$25), frango com arroz e legumes não muito bom (B$20) e uma coca 1L (B$8). Resolvemos ficar no prórpio Hotel Colonial, por U$10 o casal c/ desjuño - preço bom, e o quarto era bem legal.

Copacabana é uma cidade bem agradável, preparada para receber turistas, com comércio de artesanatos e de outras coisas muito baratas (achei vinho Casillero del Diablo por B$20, um sexto do preço no Brasil). A cidade estava sem luz há 24 horas e havia ameaça de bloqueios no Peru para dali dois dias. Assim, resolvemos deixar a Ilha do Sol pra volta e partir na manhã seguinte pra Puno.

Demos um passeio pela praia e fomos visitar a catedral, grande atração da cidade, onde fica a Virgem de Copacabana, padroeira da Bolívia. O nome da praia carioca, inclusive, tem origem nesta virgem. Impressionou-me a riqueza do altar onde a santa se encontra. Possui uns 10 metros de altura, todo de madeira bem trabalhada e folheada a ouro, com muitas peças belíssimas de prata. Incrível ver isso em meio a tanta pobreza, e um tanto quanto paradoxal.
A Katria comprou uma bela jaqueta por B$57 e eu experimentei a Inka Cola, um refrigerante típico do Peru. É doce, muito doce... bem mais doce que a mais doce das tubaínas brasileiras. Pra quem conhece o guaraná Jesus, é bem parecido, só que em vez de rosa a Inka Cola é amarelo-ouro.

Fomos descansar no hotel e a luz voltou. Fomos a um cyber cafe, descarreguei as fotos da máquina em um pen drive e fomos jantar num dos muitos restaurantes charmosos que existem na cidade - lasagna (B$20), fettucine (B$20), sopa (B$10), coca (B$5) e cerveja 600ml (B$10).
A passagem pra Puno pela Transportes titicaca saiu por B$25 cada. Saídas pra Puno e Cuzco às 09:00 e 13:30.

Em seguida, fomos ao hotel e dormimos.