sábado, 4 de agosto de 2007

Relato D4: La Paz - Chacaltaya

Combinamos com o taxista às 08:30. O preço ficou o mesmo de Tiwanaku (B$200, total). Tomamos café, mandamos uma soroche pills pro peito e nos preparamos para o frio da montanha. O que eu vesti deu bem: uma camiseta segunda pele Kailash, um moletom e uma jaqueta de Anorak. Nas pernas, só uma ceroula comprida de algodão por baixo da calça de poliéster. Não esquecendo, claro das luvas e touca - acho que esses itens são os mais importantes pra segurar o frio. O taxi apareceu pontualmente. No caminho, paramos algumas vezes pra tirar fotos dos cenários lindíssimos. Começa a aparecer neve no meio da grama. O Huayna Potosi é lindíssimo, e quanto mais subimos, as paisagens vão ficando melhores, com pequenos lagos entre as montanhas e a cordilheira ao fundo.

Chegando na estação, eles cobram B$10 pra entrar. Chegamos pouco depois das 09:00 - os primeiros turistas a chegar lá. No aconchegante bar dentro da estação, finalmente experimentei o famoso chá de coca. Não gostei muito. Senti um gosto parecido com peixe. Mas mesmo assim tomei todo o meu e mais o da namorada, que não conseguiu tomar o dela, e ainda masquei as folhas. Tudo pra ver se eu afastava a soroche.

Começamos a subida do pico mais próximo (são 3), que apesar de parecer perto leva uns 15 minutos. O cansaço que se sente é enorme. Depois de três ou quatro passos na subida, é inevitável parar pra tomar fôlego. Mas, seguindo a regra do devagar e sempre, dá pra ir bem longe. O frio de -5ºC não foi grande obstáculo. O contato com a neve pela primeira vez é curioso. A neve estava bem compactada, sendo difícil quebrá-la, assemelhando-se com gelo.
Tinha chovido na noite anterior, o que deixou a paisagem límpida e incrivelmente bonita. Depois do primeiro pico não resistimos e seguimos para o outro, maior. É uma descida e uma subida que tomam cerca de 20 minutos. Vale totalmente a pena. Lá de cima tem-se uma visão incrível da Cordillera Real - destacando-se o Huayna Potosi bem próximo -, de La Paz e do Illimani ao fundo.

De volta à estação, senti uma dor de cabeça fortíssima. Tomei um Dorflex e um chocolate quente horrível (o leite na Bolívia é comprado em latinhas, como as de leite condensado). Acho que foi nessa hora que eu realmente desisti da minha subida ao Huayna Potosi. Reconheci minha fraqueza para a altitude e pensei muito sobre a diferença entre aventura e enrascada, lembrando-me da viagem até Cochabamba. Além do mais, não creio que a vista que eu teria do Huayna Potosi seriam assim tão melhor que a que eu acabara de ter no Chacaltaya, e seriam três dias a mais (ou a menos) de viagem e mais algumas centenas de dólares.

Mesmo com a dor de cabeça, o Chacaltaya foi um dos melhores passeios da minha vida. Imperdível pra quem for a La Paz.

Na volta, paramos perto de uma criação de lhamas pra tirar fotos e fomos direto pro hotel. Eu não estava nada bem. Comemos um pouco e dormimos. Ao acordar eu já me sentia melhor, e quando começamos a caminhar eu estava novo. Resolvemos caminhar até a Plaza Murillo conhecer o centro da cidade. A Plaza é muito bonita e bem arrumada. Os prédios em volta remetem ao período colonial. No caminho, várias surpresas agradáveis, com plazoletas, jardins e prédios lindos. Lembra muito o centro de SP, com uma mistura de prédios históricos meio mal-cuidados, prédios modernos, camelôs e ambulantes. O centro todo pode ser percorrido a pé com facilidade. Acho até melhor, pois o trânsito paceño é bem travado. A Katria comprou um par de brincos muito bonitos por B$5. Voltamos a El Prado e fomos comer no Burger King - dois Combo Wooper médio (B$25 cada). Passamos no Museu de Arte Contemporânea, um museu particular muito bonito, cuja maior parte das obras se pode comprar e levar na mesma hora, com preços até bons. Pra quem gosta de comprar arte nas viagens, é uma ótima dica. Depois do museu, hotel, baño e cama.


PS: foi uma coincidência incrível, mas à noite, vendo o finalzinho do Episódio III de Star Wars no hotel, quando levam a pequena Léia pra um planeta gelado, eu tenho certeza que vi o Huayna Potosi servindo de cenário de fundo em uma das cenas. Claro que é um cenário colocado por computador, mas geralmente eles pegam fotos de lugares reais. Prova de que o Huayna Potosi é realmente uma das mais belas montanhas do mundo.

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